O kwanza angolano, tem enfrentado uma desvalorização dramática nos últimos tempos. No espaço de um mês, entre 13 de maio e 12 de junho de 2023, a moeda caiu de 525 AOA por cada dólar para 643 AOA, uma queda impressionante de 22%. Mas a situação é ainda mais grave quando se considera o panorama do último ano: a moeda perdeu quase metade do seu valor, tendo caído de 435 AOA por dólar em junho de 2022 para 643 AOA em junho de 2023, uma depreciação de 47,70%.
Além da desvalorização acentuada do kwanza, a moeda tem sido escassa no mercado oficial. Este fator fez aumentar a procura da moeda no mercado alternativo, onde a cotação do kwanza chega a ser ainda mais alta: atualmente, no dia 12 de junho de 2023, o kwanza é trocado a mais de 770 AOA por dólar e 800 AOA por euro. Isto representa um desafio para a economia angolana, uma vez que a maior parte da população recorre a este mercado paralelo para realizar transações.
Desvalorização do Kwanza Aumenta o Custo de Vida em Angola
O impacto da desvalorização do kwanza não se limita às trocas cambiais, mas estende-se também aos produtos importados. Com o kwanza perdendo valor, os preços dos produtos importados, que são cotados em moedas estrangeiras, aumentam. Este é um efeito direto da desvalorização: a moeda local perde poder de compra, o que leva a um aumento dos preços.
O Governo angolano tem criado programas para aumentar a produção local, reduzindo assim a dependência em produtos importados. Um desses programas é o PRODESI- que é o acrónimo do Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações. É um programa executivo para acelerar a diversificação da produção nacional e geração de riqueza, num conjunto de produções com maior potencial de geração de valor de exportação e substituição de importações, designadamente nos seguintes sectores: Alimentação e Agro-indústria, Recursos Minerais, Petróleo e Gás Natural, Florestal, Têxteis, Vestuário e Calçado, Construção e Obras Públicas, Tecnologias de Informação e Telecomunicações, Saúde, Educação, Formação e Investigação Científica, Turismo e Lazer.
No entanto, até agora, os programas não surtiram os efeitos desejados e a economia angolana ainda continua muito dependente de importações.
Criptomoedas Como Bitcoin Como Alternativa a Inflação de Angola
Dentro deste cenário, as criptomoedas podem ser usadas como uma alternativa viável para combater a inflação. O bitcoin, por exemplo, que é a criptomoeda mais popular, tem a vantagem de ser descentralizado, ou seja, não é controlado por nenhuma entidade ou governo. Isto significa que o seu valor não é afetado por decisões de política económica de um determinado país, tornando-o uma opção atrativa em tempos de instabilidade económica.
Adotar o Bitcoin ou outras criptomoedas, poderia, portanto, oferecer um refúgio contra a inflação em Angola. No entanto, esta não é uma solução sem desafios. O uso de criptomoedas requer infraestruturas de internet robustas e estáveis, bem como um nível de literacia digital que ainda não é universal em Angola, apesar do crescimento exponencial dos últimos anos da Comunidade Bitcoin Angola que já conta com mais de 28 mil membros. Além disso, as flutuações de valor das criptomoedas também podem representar um risco.
Soluções Contra a Desvalorização do Kwanza Angolano
É fundamental que o governo angolano implemente políticas eficazes para conter a desvalorização do kwanza. Isso pode incluir uma diversificação da economia para reduzir a dependência de importações, investimentos em infraestruturas e educação para promover o desenvolvimento sustentável e, possivelmente, a adoção de novas tecnologias financeiras, como as criptomoedas.
Por outro lado, os consumidores também terão que se adaptar a esta realidade, procurando maneiras de proteger o seu poder de compra. Isso pode envolver a redução da dependência de produtos importados, investindo mais em bens e serviços locais, ou explorando novas formas de economia digital, como as criptomoedas.
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