A moeda nacional tem enfrentado momentos de bastante tensão com a forte desvalorização atingindo valores recorde e com a inflação subindo cada vez mais. Em entrevista à DW África, o economista angolano Carlos Rosado de Carvalho aponta a alta dependência das exportações de petróleo e a excessiva importação de matérias-primas e produtos alimentares essenciais como as principais causas para a desvalorização do Kwanza. Carlos Rosado de Carvalho apela à revisão urgente do plano de estabilização do país, porém afirma que o Governo angolano “tem que chamar o FMI (Fundo Monetário Internacional) para dar credibilidade à política económica angolana“.
O economista acusou ainda a ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, de não apresentar contas desde Junho do ano passado, e afirma que esta falta de transparência gera maior incerteza na economia.
Questionado sobre “Que fatores levaram à desvalorização do kwanza e Como chegámos a este ponto” Carlos Rosado respondeu:
O valor de uma moeda depende da fortaleza da sua economia e depende obviamente da procura e da oferta de moeda estrangeira. A economia angolana depende quase exclusivamente do petróleo. Portanto, quando o preço do petróleo baixa, Angola tem menos divisas. Neste caso, não foi só o preço do petróleo a baixar, foi também a produção de petróleo. Isto é uma espécie de “tempestade perfeita”: caiu o preço, caiu a produção, há menos exportações, menos divisas e menos moeda estrangeira. Sendo assim, a moeda estrangeira valoriza-se, neste caso o dólar, e a moeda nacional desvaloriza.
Na perspetiva do economista o impacto para a população angolana será brutal, visto que a desvalorização significa que os produtos estrangeiros se tornam mais caros. “Mesmo que o preço se mantenha no estrangeiro, em kwanzas eles são mais caros.” Frisou.
“Uma percentagem elevada do que os angolanos consomem, nomeadamente da cesta básica, são comprados ao estrangeiro e, portanto, tornam-se imediatamente mais caros. O óleo, o frango, o arroz, a massa e todas essas coisas aumentam de preço. Portanto, o principal efeito é no poder de compra. E a população é pobre, a taxa de pobreza ultrapassa os 40%. Portanto, como os salários não aumentam, não há empregos, assistiremos ao aumento exponencial da pobreza. É isso que já estamos a ver.” “Tem outro impacto também nas empresas, porque as empresas dizem que, para produzir internamente, também têm de importar. Isso significa que os custos das empresas vão aumentar. Agora, veremos se as empresas têm capacidade de transmitir esse aumento dos custos para os consumidores. “
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