A China está sofrendo uma de suas piores recessões de lucros já registradas, já que a política de “Covid zero” de Pequim e uma crise imobiliária afetam as empresas listadas do país. Mais de 4.800 empresas chinesas listadas em Xangai, Shenzhen e Pequim já divulgaram seus resultados do primeiro semestre do ano. Foi um banho de sangue.
Cerca de 53% registraram queda no lucro líquido, segundo dados da Wind and Choice, dois grandes serviços de informações financeiras do país. Isso foi quase tão ruim quanto em 2020, quando as empresas registraram sua pior temporada de ganhos, já que o país quase parou durante o surto inicial de coronavírus. Naquela época, 54% das empresas listadas viram seu lucro cair nos primeiros seis meses.
De certa forma, porém, o início deste ano foi pior. O número de empresas que reportaram prejuízo atingiu um recorde de quase 900 no primeiro semestre. Em 2020, cerca de 780 perderam dinheiro. Uma queda nos lucros da segunda maior economia mundial pode repercutir em todo o mundo. Isso porque as empresas chinesas são grandes compradoras de commodities, tecnologia e outros produtos no mercado global.
“Já vimos o impacto”, disse Alicia García Herrero, economista-chefe para a Ásia-Pacífico do Natixis, um banco de investimento francês. Os preços do petróleo e de outras commodities de energia recuaram e as fábricas de semicondutores começaram a ver a desaceleração dos pedidos, acrescentou ela.
Especialistas culparam as rígidas restrições impostas na China devido à Covid-19 e o aprofundamento da crise no mercado imobiliário pelo desempenho sombrio das empresas. “As principais razões são as restrições de mobilidade e uma enorme queda no sentimento associada ao minguar do mercado imobiliário”, disse García Herrero.
Principais perdedores
As empresas de tecnologia mais proeminentes da China estão entre as que sofrem. O segundo trimestre marcou o fim de anos de crescimento explosivo, com o Alibaba relatando receita estável para o período de abril a junho. A Tencent registrou seu primeiro declínio trimestral nas vendas. Para alguns outros setores da economia, este ano tem sido o pior já registrado.
Três das maiores companhias aéreas da China – Air China, China Southern Airlines e China Eastern Airlines – registraram perdas recordes, com uma perda combinada de 50 bilhões de yuans (US$ 7,2 bilhões) no primeiro semestre. Todas culparam as interrupções nas viagens por causa das restrições da Covid e da desvalorização do yuan, que caiu 9% em relação ao dólar americano este ano.
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