O Banco Nacional de Angola inesperadamente manteve sua taxa de juros-base inalterada pela segunda vez consecutiva, mesmo diante da expectativa de que a recente desvalorização da moeda aumente a inflação. Em sua primeira reunião presidida pelo recém-nomeado Governador Manuel Tiago Dias, o comité de política monetária do banco decidiu manter a taxa de referência em 17%. O governador afirmou que a decisão foi tomada devido ao “ressurgimento de pressões inflacionárias, causado por mudanças no quadro macroeconómico e pela desvalorização da moeda”.
Taxa de Juros Paralizadas em Angola Enquanto Inflação Sobe
A taxa de inflação anual no terceiro maior produtor de petróleo da África subiu para 11,25% em junho, o maior nível em quatro meses, ante 10,6% no mês anterior. Prevê-se que ela permaneça elevada após o governo cortar os subsídios da gasolina no mês passado e o Tesouro ter se abstido de vender dólares em abril e maio, acelerando a desvalorização do kwanza em relação à moeda americana para quase 39% nos últimos três meses e meio.
O banco central revisou sua meta de inflação para o final do ano para entre 12% e 14%, ante 9% e 11%, disse Tiago Dias, que substituiu José de Lima Massano como governador no mês passado, como reportado pela Bloomberg.
Wilson Chimoco Contra a Decisão do BNA
A decisão é “completamente impensável”, disse Wilson Chimoco, economista da Universidade Católica de Angola, que esperava que o Banco Central aumentasse em 300 pontos-base ou mais. “Não há nenhuma razão que justifique isso, ainda mais considerando a justificativa apresentada.”
No entanto, a postura inalterada pode ajudar a sustentar o crescimento, depois que a economia contraiu pela primeira vez em quase dois anos nos três meses até março, em comparação com o trimestre anterior, após uma forte queda na produção de petróleo.
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