Ao contrário do que se pensa, Brics não é um bloco económico, como a União Europeia, por exemplo. Brics é um grupo de países emergentes que possuíam características sócio-económicas comuns, criado em 2001 pelo ex-economista-chefe do Goldman Sachs, Jim O’Neill.
Na altura, o Jim O’Neill divulgou um relatório intitulado “Building Better Global Economic BRICs”, onde abordava sobre a economia do Brasil, Rússia, Índia, China e a África do Sul. Daí a origem do grupo, cujo nome nasceu das letras iniciais de cada país mencionado.
No relatório, o ex-economista-chefe do Goldman Sachs apresenta os cinco países como os “próximos grandes players da economia global”, por causa dos seus desempenhos nos segmentos de serviços, agronegócio, indústria e energia.
O grupo se consolidou oficialmente em 2006, com a participação apenas do Brasil, Rússia, Índia e China, mas em 2010, a África do Sul também passou a integrar a sigla.
Qual o objetivo do Brics?
O principal objectivo do Brics é a cooperação entre os países para que juntos possam avançar no desenvolvimento socioeconómico e garantir o crescimento das suas economias.
Além disso, o Brics tem também como objectivo auxiliar no crescimento económico de cada país que constitui o grupo, fortalecendo as indústrias e impulsionando o desenvolvimento sustentável, assim como o ajudá-los a combater a pobreza e o desemprego, visando a inclusão social.
Em 2014, o grupo criou o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), também conhecido como “Banco dos Brics”, para financiar projectos de infra-estrutura nos países-membros e em outras nações em desenvolvimento.
Na sua fundação, os países concordaram que a instituição teria um capital inicial de US$ 50 biliões, com contribuições distribuídas entre os países fundadores do bloco. Desde a fundação até Dezembro do ano passado, o banco dos Brics aprovou U$ 32,8 biliões em financiamento para 96 projectos, segundo levantamento da própria instituição. Desse total, US$ 5,62 biliões foram destinados ao Brasil.

Impacto do Brics na economia global
O Brics está a ganhar uma posição de liderança entre os países emergentes. Segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), a participação dos Brics na economia mundial passou de 10% para mais de 30%. A própria criação do NBD reforça essa visão, uma vez que ele funciona como uma alternativa ao Banco Mundial e ao FMI,
As economias dos cinco países integrantes do BRICS somadas ainda representam um robusto mercado global. Equivalem a cerca de 1/3 do PIB mundial e detêm mais de 40% da população do planeta.
Os países do grupo são ricos em recursos naturais, com grandes reservas de petróleo, gás natural, minério de ferro, ouro, água, entre outras riquezas. Isso sem contar os milhões de hectares de áreas agricultáveis com soja, milho e trigo, e de produção de proteína animal, sobretudo em terras brasileiras.
Entre os membros, a China é o país economicamente mais bem destacado, que pode elevar o poder de paridade de compra do conjunto de países, que soma cerca de 18% do comércio mundial. O PIB da China é mais que o dobro do que a soma de todos os bens e serviços dos demais países do BRICS.
Entrada de outros países nos Brics
Os Brics já evidenciaram a possibilidade de ampliar o número de membros. Em 2021, Bangladesh, Egipto, Emirados Unidos e Uruguai foram aceitos como integrantes do banco do Brics também.
O interesse pelo grupo Brics continua a crescer e cada vez mais há mais países a manifestar a sua pretensão de fazer parte. Tal como já noticiámos, 40 países já manifestaram formalmente o interesse em integrar o Brics e participar das políticas de apoio mútuo do grupo.
Na cúpula realizada na África do Sul nesta semana, é possível que sejam discutidos quais os critérios e princípios para a entrada de novos integrantes no bloco.
Desafios
Os BRICS enfrentam desafios em termos de pressões políticas e externas, como a crescente rivalidade entre China e Estados Unidos, e a volatilidade dos mercados financeiros internacionais. Desigualdade econômica e social dentro dos próprios países também pode prejudicar a promoção do desenvolvimento sustentável.
No entanto, o grupo tem actuado no fortalecimento da cooperação, promovendo o intercâmbio de conhecimento e expertise entre países em desenvolvimento e acções conjuntas para enfrentar desafios globais, como a mudança do clima e a segurança alimentar.
LEIA TAMBÉM
BRICS: Reunião da Aliança Pode Ter Implicações Dramáticas sobre o Dólar Americano
BRICS: Rand da África do Sul Valoriza na Véspera da Cimeira da Aliança
BRICs: Economia da China Pode Superar dos Estados Unidos até 2030