O governador do banco central queniano, Patrick Njoroge, afirmou que as finanças descentralizadas (DeFi) e as criptomoedas surgiram por causa da perda da confiança dos cidadãos nos seus governos.

Patrick Njoroge que falava na webinar sobre Regulamentação Ágil para Transformação Digital, evento organizado pelo Banco Mundial, apontou também a crise financeira mundial ocorrida em 2008 como outro dos principais catalisadores do surgimento das DeFi e criptomoedas.

Os promotores das DeFi buscaram alavancar a perda da confiança nos governos e instituições financeiras, especialmente nas economias avançadas.

 

Isso fez surgir as criptomoedas, encabeçadas pelo Bitcoin, posicionadas como instrumentos de pagamentos alternativos.

Disse o governador do Banco Central do Quênia

Contudo, segundo Patrick Njoroge, hoje as criptomoedas tornaram-se mais um instrumento de gestão de patrimônio e menos um instrumento de pagamentos.

Transformação financeiro-digital no Quênia

O governador também abordou a questão da transformação digital no setor financeiro no seu país. De acordo com Patrick Njoroge, actualmente 85% de todas as transacções bancárias no Quênia são feitas por telemóvel, e 96% de todas as transacções bancárias estão a ser feitas fora das agências bancárias.

Portanto, apesar da transformação digital do sector financeiro ser responsável pelo aumento da inclusão financeira, isto é, de 26,7% para 83%, o governador mostra-se particularmente cauteloso sobre a ameaça ao consumidor representada pelos aplicativos de empréstimo de dinheiro.

Regulamentação do sector financeiro-digtal

Quanto a necessidade da regulamentação do sector das finanças digitais (FinTechs), o governador apresentou uma proposta composta por três pontos que consideram as oportunidades apresentadas pela tecnologia e inovação, mas que também minimizam os riscos:

  1. Os reguladores precisam caminhar com os inovadores: FinTechs são parceiros-chave no ecossistema financeiro e os reguladores devem buscar abordagens inovadoras para entendê-las, orientá-las e aumentar as suas capacidades de gestão de risco;
  2. Os reguladores precisam estar atentos às mudanças de perímetro: com a digitalização a gerar uma nova geração de serviços que imitam os serviços financeiros, a regulamentação de tais entidades deve se concentrar mais nas preocupações de conduta do mercado, em oposição às preocupações prudenciais tradicionais de capital e liquidez;
  3. necessidade de cooperação regional e internacional: com a mudança dos serviços financeiros baseados em instituições para os ecossistemas digitais, as oportunidades e os riscos ultrapassarão as fronteiras nacionais e mesmo regionais. Os reguladores precisarão, por isso, coordenar, cooperar e partilhar informações.

Patrick Njoroge concluiu a sua intervenção pedindo aos reguladores, por um lado, que se preparem para atender às demandas resultantes do desenvolvimento tecnológico do sector financeiro. E pedindo, por outro lado, aos reguladores e desenvolvedores que trabalhem lado a lado no desenvolvimento das medidas regulatórias.


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