O Governo nigeriano anunciou na última semana a proibição da rede social Twitter, restringindo a sua funcionalidade na Nigéria através do Ministério da Informação e Cultura.
A medida é uma resposta à exclusão de uma publicação do Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, referente à guuerra civil nigeriana que ocorreu entre 6 de julho de 1967 a 13 de janeiro de 1970.
Numa declaração citada pela agência noticiosa France Press, o responsável pela Comissão Nacional de Radiodifusão do país, Armstrong Idachaba, disse:
Aconselhamos todas as emissoras a desactivarem as suas contas no Twitter e a não utilizarem o Twitter para procurar notícias ou fontes de informações.
Segundo Armstrong Idachaba, será considerado como antipatriótico qualquer órgão de comunicação social que continue a apoiar o Twitter.
A perspectiva dos media locais
Alguns canais locais dizem que, para o governo, a suspensão temporária do Twitter não é apenas uma resposta à remoção da publicação do Presidente na rede social, é parte de uma longa campanha do governo para regulamentar as redes sociais no país.
Pois, para o governo as redes sociais constituem fontes de notícias falsas que incitam a violência no país e prejudicam a segurança.
No entanto, não é a questão política a volta do assunto que preocupa maior parte dos nigerianos, e sim o impacto negativo que a decisão do governo pode causar ao mercado de criptomoedas do país.
E há razões para preocupações, sobretudo se considerarmos que maior parte das negociações de Bitcoin é facilitada pela negociação ponto a ponto (P2P) em redes sociais como o WhatsApp, Twitter e Facebook.
Efeitos negativos imediatos e a longo prazo
Após o anúncio do governo sobre o bloqueio do Twitter, as empresas nigerianas de telecomunicações deram início à implementação da ordem, inibindo o acesso à plataforma.
Nesta altura, o acesso ao Twitter só é possível via Redes Virtuais Privadas (VPNs), o que significa que muitos não estão a poder negociar criptomoedas por meio da rede social, diminuindo aos poucos o fluxo de transacções na maior criptoeconomia de África.
Em consequência, se a decisão se estender por longos dias, o mercado global de criptomoedas e, particularmente do Bitcoin, poderá registar uma queda nos preços, visto que se trata do país com o maior volume de transacções do continente.
Um país, mais de 200 milhões de dólares em transacções mensais
A Nigéria foi classificada como o segundo maior mercado de Bitcoin P2P do mundo e o primeiro do continente africano em 2020.
Actualmente, o volume mensal estimado em negociações de Bitcoin em todos os canais é superior a 200 milhões de dólares, pois mais de 50% destas negociações são efectuadas em canais informais como as redes sociais.
Portanto, o bloqueio do Twitter significa que maior parte destes usuários foram directamente afectados, visto que a rede social serve também como uma fonte de informação sobre o comércio de criptomoedas e de acesso fácil a muitos dos principais participantes da indústria.
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