O cripto-analista angolano, Ndunguini Castelo, considerou “precipitada” a adopção do Bitcoin em El Salvador como modo de pagamento, por compreender que a criptomoeda não cumpre com todos os requisitos que compõem uma moeda.

O cripto-analista, que falava durante o 30° episódio do Bitcoin Angola Podcast, realizado neste sábado, 12 de junho, observou que a criptomoeda “erra” no cumprimento de requisitos como: unidade de valor, reserva de valor e unidade de medida de valor.

Ndunguini Castelo, cripto-analista

De acordo com Nduguini Castelo, o Bitcoin serve mais como activo digital e também como activo facilitador de transacções, isto considerando as baixas taxas que proporciona, e não como moeda de pagamento corrente como o kwanza físico, por exemplo.

A problemática da volatilidade do Bitcoin

O Bitcoin é dos activos digitais mais voláteis que existe e disso não restam dúvidas. Por exemplo, em abril deste ano a criptomoeda era negociada a 63 mil dólares norte-americanos, mas hoje, 14 de junho, a criptomoeda está a ser negociada a 39 mil dólares, de acordo com os dados do CoinmarketCap.

Ora, esta é uma das questões mais discutidas sobre a adopção do Bitcoin em El Salvador, pois teme-se que esta característica afecte o poder de compra da população.

César Villalona, economista.

Numa entrevista à BBC News Mundo, o economista salvadorenho César Villalona considerou a especulatividade do Bitcoin uma situação complicada, pois poderá levar a muitos ataques especulativos que afetarão as pessoas.

É  uma situação complicada, porque isso pode levar a muitos ataques especulativos que afectam as pessoas, criando um caos no sistema monetário em que poupanças, pensões, salários podem perder ou aumentar de valor (…).

Mas, o governo salvadorenho garante que já acautelou a situação criando um fundo de 150 milhões de dólares no Banco de Desenvolvimento do país para trocar automaticamente o Bitcoin dos cidadãos que não quiserem ficar com a criptomoeda após uma transacção.

Nayib Bukele, Presidente do El Salvador.

Pelo Twitter, o Presidente do El Salvador, Nayib Bukele, justificou a iniciativa dizendo:

Eles [os empresários] têm que aceitar o Bitcoin [como moeda de pagamento], mas não o risco. Eles vão passar esse risco para o governo (…) que pode tornar isso num lucro ou uma perda.

 

Este fundo vai ser sustentado por algumas perdas e alguns ganhos (…) mas não importa, porque o objectivo deste fundo não é ganhar dinheiro.

Sobre o assunto, o cripto-analista Ndunguini Castelo disse ser uma “excelente ideia” o facto do governo ter previsto e evitado antecipadamente o impacto directo da volatilidade do Bitcoin na economia do país.

É uma excelente ideia para evitar perdas decorrentes da volatilidade no acto da transacção da criptomoeda, uma vez que permitirá que o comerciante troque de forma instantânea o Bitcoin pelo dólar, caso o mesmo assim o queira.

O cripto-analista disse ainda que o El Salvador estudou muito bem o assunto antes de adoptar a criptomoeda, pois a volatilidade era até então a principal dificuldade da adopção do Bitcoin como moeda de pagamento [de um país].

Ricardo Castaneda: é uma falácia dizer que o risco cambial será assumido pelo governo e não pelo povo.

Ricardo Castaneda, economista.

Contudo, Ricardo Castaneda, economista salvadorenho, membro do Instituto Centro-Americano de Estudos Fiscais (Icefi) de El Salvador e Honduras, disse ser uma falácia dizer que o risco cambial será assumido pelo governo e não pelo povo, porque o governo se financia com impostos.

Através do Twitter, Ricardo Castaneda concluiu dizendo:

Isso significa que toda a população, principalmente os mais pobres, pela forma como os impostos são recolhidos, será quem vai pagar o risco.


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