El Salvador fez história na última terça-feira com a entrada em vigor do Bitcoin como moeda de curso legal no país. No entanto, desde que o Presidente Nayib Bukele apresentou o projecto de adopção do Bitcoin pela primeira vez, o descontentamento para com a Lei Bitcoin entre os salvadorenhos têm vindo a crescer.

Após o congresso salvadorenho ter votado à favor da adopção do Bitcoin como segunda moeda de curso legal, os planos do Presidente passaram a enfrentaram duras críticas, chagando mesmo a criar uma profunda divisão de opiniões na sociedade o que desencadeou posteriormente em protestos.

O descontentamento face a Lei Bitcoin

No início, os protestos eram compostos por pequenos números com indivíduos a expressarem preocupações sobre o facto do Bitcoin não ser, segundo eles, para pessoas comuns com um salário mínimo.

Estes protestantes estavam preocupados, sobretudo, com a volatilidade dos preços e em como isso podia resultar em perdas para as pessoas comuns:

Para as pessoas que ganham um salário mínimo, num momento você pode ter 300 dólares em Bitcoin e no dia seguinte os 300 dólares podem se tornar 50 dólares. Hoje vimos como os preços das criptomoedas estão a cair.

Disse um dos protestantes na época.

Protestos subindo de intensidade

Os protestos contra a adopção da criptomoeda foram ficando cada vez maiores em escala e intensidade. Nesta terça-feira, dia da entrada em vigor da Lei Bitcoin, os salvadorenhos protestaram mais um vez contra a Lei Bitcoin, só que numa intensidade maior.

Conforme foi reportado pela Al Jazeera, os protestantes queimaram pneus e soltaram fogos de artifício em frente ao edifício do governo.

Os protestos desta semana foram tão fortes que as autoridades tiveram de destacar um grupo fortemente armado da tropa de choque, o que sugere um factor ameaçador que não caracterizava os protestos anteriores.

Durante os protestos, um participante da reivindicação realçou à Al Jazeera a preocupação evidenciada nos protestos iniciais segunda a qual o Bitcoin não é para cidadãos comuns e com salário mínimo:

Esta é uma moeda ideal para grandes investidores que desejam especular com os seus recursos econômicos.

“Bitcoin não foi imposto a ninguém”

Jack Maller, CEO da Strike

Face aos protestos, o CEO da Strike, Jack Maller, cuja empresa está por trás da infra-estrutura da carteira de criptomoedas apresentada pelo governo salvadorenho, relembrou que a legislação não impõe o Bitcoin a ninguém.

Jack Maller disse que, na verdade, o El Salvador está a operar um sistema de moeda dupla, o que dá às pessoas a opção de alternar entre o dólar e o Bitcoin, e vice-versa, dentro da carteira Chivo.

De acordo com o CEO, isso dá às pessoas a opção de fazerem as suas transacções como bem desejarem. Ele disse:

Permitimos que dólares, como uma conta bancária tradicional dos EUA, sejam interoperáveis com essa rede monetária aberta. Assim, você pode enviar e fazer pagamentos de Bitcoin em dólares e receber pagamentos de Bitcoin em dólares.


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