O dinheiro fiduciário, conhecido como moeda fiat, representa uma faceta essencial das economias modernas. Refere-se a uma forma de moeda que não tem valor intrínseco nem lastro em ativos físicos, sendo seu valor determinado pela confiança e aceitação que a sociedade deposita nas instituições que a emitem.

Sua história é uma narrativa complexa de evolução monetária, onde a transição do padrão-ouro para a moeda fiduciária marcou uma transformação significativa nas relações econômicas globais. Neste contexto, exploraremos a natureza do dinheiro fiduciário, sua trajetória histórica e as vantagens e desvantagens associadas a essa forma de moeda que molda nossos sistemas financeiros contemporâneos.

O que é Dinheiro Fiduciário?

O dinheiro fiduciário, também conhecido como moeda fiat, é uma forma de moeda que não tem valor intrínseco e não é lastreada por nenhum ativo tangível, como ouro ou prata. Seu valor é determinado pela confiança que as pessoas têm no governo ou na autoridade emissora e na estabilidade econômica do país. A história do dinheiro fiduciário remonta a séculos, mas sua adoção em larga escala ganhou impulso considerável no século XX, à medida que a economia global passou por transformações significativas.

História do Dinheiro Fiduciário

A transição do padrão-ouro para o dinheiro fiduciário começou no século XX, com a maioria dos países abandonando a conversibilidade direta de suas moedas em ouro. Durante a Grande Depressão e as duas guerras mundiais, muitos países imprimiram mais dinheiro do que podiam lastrear com reservas de ouro, levando à desvinculação completa entre a moeda e o ouro. Esse movimento permitiu uma flexibilidade maior na gestão da oferta de dinheiro e na implementação de políticas monetárias.

COMO É CRIADO O DINHEIRO FIAT?

Os governos e os bancos centrais têm vários métodos para criar nova moeda e inflacionar a oferta atual. Os métodos mais comuns empregados são:

Banco de reservas fracionárias : Os bancos comerciais são obrigados a manter apenas uma fração dos depósitos que recebem como reservas. Este requisito de reservas permite que os bancos criem dinheiro novo emprestando uma parte dos depósitos. Por exemplo, se a exigência de reserva for de 10%, um banco pode emprestar 90% do valor depositado. Uma vez que o dinheiro emprestado se transforma em depósitos para outros bancos que, por sua vez, retêm 10% e emprestam os restantes 81%; novo dinheiro é criado.

Operações de Mercado Aberto : Os bancos centrais, como o Federal Reserve nos Estados Unidos, podem criar dinheiro através de operações de mercado aberto. Eles compram títulos, como títulos do governo, de bancos e instituições financeiras. Quando o banco central compra estas obrigações, paga-as creditando dinheiro novo nas contas dos vendedores. Como resultado, a oferta monetária aumenta.

Flexibilização Quantitativa (QE) : Flexibilização Quantitativa e Operações de Mercado Aberto são tecnicamente a mesma coisa. A diferença é que a QE começou em 2008 e é muito maior em escala do que os OMO regulares e tem metas macroeconómicas específicas relacionadas com o crescimento, a actividade e os empréstimos.

A QE é, portanto, normalmente utilizada em tempos de crise económica ou quando as taxas de juro já estão baixas. Nesta abordagem, o banco central cria novo dinheiro eletronicamente e utiliza-o para comprar títulos do governo ou outros ativos financeiros no mercado.

Despesas Governamentais Diretas: Os governos também podem liberar dinheiro novo simplesmente gastando-o na economia. Quando o governo gasta em projectos públicos, infra-estruturas ou programas sociais, injecta efectivamente dinheiro novo em circulação.

CARACTERÍSTICAS DO DINHEIRO FIDUCIÁRIO

Nesse contexto, três características principais são reconhecidas como específicas da moeda fiduciária, e são as seguintes:

  • Falta de valor intrínseco porque não é lastreado em commodity ou qualquer outro tipo de instrumento financeiro.
  • Estabelecimento por decreto governamental, e o governo também controla a oferta de moeda.
  • Confiança e segurança como base de valor. Indivíduos e empresas devem confiar que a moeda fiduciária mantém o seu valor e aceitabilidade como meio de troca.

Vantagens do Dinheiro Fiduciário

  • Flexibilidade Monetária: Os governos têm a capacidade de ajustar a oferta de dinheiro de acordo com as necessidades econômicas, facilitando a estabilização e o estímulo da economia.
  • Facilidade de Uso: O dinheiro fiduciário é conveniente e de fácil manuseio, o que o torna amplamente aceito e utilizado para transações diárias.
  • Adaptação às Mudanças Econômicas: Em tempos de instabilidade econômica, os formuladores de políticas podem rapidamente introduzir medidas para mitigar crises financeiras e reavivar o crescimento.

Desvantagens do Dinheiro Fiduciário

  • Inflação: A emissão excessiva de dinheiro fiduciário pode levar à inflação, reduzindo o poder de compra dos consumidores e afetando negativamente a economia.
  • Perda de Confiança: Se a confiança nas instituições ou na estabilidade econômica diminuir, o valor do dinheiro fiduciário pode cair drasticamente, levando à desvalorização e incertezas.
  • Dependência da Estabilidade Política e Econômica: A estabilidade do dinheiro fiduciário depende da estabilidade política e econômica do país emissor. Crises políticas ou econômicas podem abalar a confiança na moeda.

Resumo

Em resumo, o dinheiro fiduciário, embora ofereça vantagens como flexibilidade e praticidade, também enfrenta desafios, especialmente relacionados à confiança e à estabilidade econômica. O equilíbrio entre a gestão prudente e o entendimento das implicações das políticas monetárias é crucial para manter a estabilidade e a eficácia do dinheiro fiduciário.

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